Aproveito também a oportunidade para divulgar um pouco dos filmes que me distraem no fim de semana e nesse, foi a vez do filme "Orquestra dos meninos" produzido por Glaucia Camargos e Dirigido por Paulo Thiago o filme conta a história real de Mozart Vieira, que desde cedo sentia forte vocação para música. Imbuído deste sentimento, Mozart encontra na música, a saída para sua ação artística social criando a Orquestra dos Meninos, apesar da grave seca que assola o nordeste. Sua fundação ganha grande repercussão e os holofotes despertam o ódio dos coronéis locais. Surgem ameaças e ataques. A sede da Fundação é invadida e o menino Erinaldo é seqüestrado, caso que acaba transformando-se em escândalo nacional, mas o delegado da cidade de Olinda afirma que foi armado por Mozart para promover sua Orquestra. Um movimento de artistas liderados por Ivan Lins, Fagner, Gilberto Gil e outros faz um abaixo-assinado a favor de Mozart e através de ação na Justiça, a Orquestra recupera o prédio da Fundação. O maestro e sua Orquestra voltam a São Caetano nos braços da multidão e tocam na praça da cidade.
O filme remonta a importancia e o papel das bandas marciais no interior do Brasil desde a década de 70 até o fim do século XX, algo impressionante, mostra como a música pode reger nossas vidas e como podemos acreditar em nossos sonhos, mas uma boa história nem sempre garante uma narrativa do mesmo nível. Esta afirmação cabe perfeitamente na atividade cinematográfica. Se tomar decisões equivocadas, um cineasta pode muito bem transformar uma história interessante em um filme medíocre. Alguns elementos da produção e até mesmo da fotografia quase comprometem o filme que salvo pelo enrredo que me prendeu mais atenção, gostei do fato de usarem atores regionais, mas ao meu ver faltou ainda preparação dos atores, eles parecem estar interpretando no teatro que é uma coisa totalmente distinta, falam de maneira excessivamente pausada, usam gestos largos e exagerados, ficaria muito mais bonito se eles estudassem um pouco mais dos instrumentos de sopro, da pra perceber que eles não estão tocando de verdade. Parecem sempre falsos. O mau desempenho coletivo complica a vida da platéia, que enfrenta enorme dificuldade para “entrar” no espírito da história, porque a sensação de estar assistindo a um filme mecânico e sem vida não passa nunca. Além do mais, a escalação de Priscila Fantin como uma adolescente nordestina semi-analfabeta soa quase como piada de mau gosto, porque a estrela global jamais consegue “sumir” dentro do elenco de anônimos, o que seria fundamental para que ela funcionasse no papel. Murilo Rosa, como o protagonista, é o único membro do elenco que está realmente bem. O fato de estar em todas as cenas minimiza bastante o problema. Sem ele, “Orquestra dos Meninos” seria um desastre.
Na verdade o que salva é o enrredo e o roteiro escrito a seis mãos que embaralhou um pouco a cabeça, mas esse contexto de música e nordeste me encanta, outra coisa que gostei bastante foi a trilha sonora, musicas 100% nordeste brasileiro, no longa vimos dobrados como "O Cisne Branco", "Dois Corações", uma peça erdutida do Guerra-Peixe "Mourão" e todas as demais músicas são de uma manifestação cultural chamada Guerreiro do ciclo dos folguedos natalinos dançados no nordeste.