O que é cultura?
A sociologia diz que cultura é tudo aquilo que o homem cria e produz e o resultado dessas suas ações o reconstrói continuamente. O homem transforma e é transformado em sociedade. Para efeito dos estudos em produção artística, cultura será empregada como sinônimo de arte. Dessa forma entendemos os vários segmentos culturais com os quais a produção cultural poderá trabalhar, dentre eles: Artes Plásticas, Artes Cênicas, Literatura, Humanidades, Audiovisual, Patrimônio Cultural e Música.
Interessante notar que o tema da cultura tem uma aceitação quase unânime na sociedade. Infelizmente ela não se constitui em prioridade de política pública em alguns países, por exemplo, o Brasil. A justificativa é que os orçamentos públicos insuficientes são direcionados para as áreas de maior impacto social: Saúde, Educação, etc. Nessa medida é que as necessidades genuínas de oferta da cultura são supridas em parte pela iniciativa privada, incentivadas por leis, financiadas através do marketing cultural, viabilizadas por doações entre outras formas.
Produto Cultural
O resultado da ação artística quando colocada disponível para o público constitui-se em produto cultural. Independente se esse público pagou um valor financeiro ou não, o fato de estar em contato com a obra artística já determina o consumo.
O produto cultural não poderia fugir das regras econômicas que regem quase todos os aspectos das sociedades capitalistas. Antes de existir ele necessita de investimentos que irão dar conta dos custos de concepção e projeto. Em seguida sua viabilidade passa pelas estratégias de produção, distribuição e divulgação. Na verdade, viabilizar cultura é empreender em uma atividade que necessitará de todos os quesitos corriqueiramente utilizados na gestão de negócios. O recurso financeiro inicial é fundamental, poucos são os artistas e organizações culturais que possuem capital próprio para o investimento em suas atividades. A captação de recursos supre essa necessidade e várias técnicas são utilizadas para isso, desde a beneficência das doações até as mais elaboradas propostas de comunicação empresarial que utilizam a ação artística como veículo promocional do patrocinador.
Produção Cultural
Difícil exigir do artista, além do talento cultural, as habilidades gestoras de viabilidade da própria arte. Poucos conseguem eficácia no desempenho desse duplo papel, por um lado a emoção que faz nascer o objeto artístico, por outro a razão que interpreta regras e normas de mercado.
Por isso o papel do produtor cultural como intermediário entre o artista e o empresariado é fundamental. Ele é suscetível à emoção criadora do objeto artístico, mas compreende os obstáculos e oportunidades próprias da viabilidade desse objeto para o público.
Dentre as competências do produtor destacam-se: Confecção do projeto prevendo a operacionalização artística, conhecimento das fontes de recursos, experiência mercadológica na captação de recursos privados e gestão dos processos operacionais e administrativos quando da implantação do projeto.
Incentivo à Cultura
Menos de um século antes de Cristo um romano afortunado utilizava seus recursos pessoais para ajudar artistas e suas obras. Hoje seu nome, Mecenas, tem o significado de pessoa ou organização privada que patrocina a viabilidade da arte. Patrocínio, nesse caso, significa uma troca: O artista ganha os recursos necessários para viabilizar sua obra e o Mecenas recebe os benefícios mercadológicos do vínculo de sua imagem, marca ou produto com a obra artística.
As leis de incentivo à cultura no Brasil deram impulso à essa dinâmica de troca. O atrativo primeiro para o empresariado foi tributário, por exemplo a Lei Rouanet (8.313 de 23-12-91) permite desconto sobre o Imposto de Renda para as empresas e pessoas patrocinadoras da cultura. Como o próprio nome diz, a lei tem que servir apenas de incentivo ao mercado, entendido que futuramente ela será revogada e a partir de então parte do mercado cultural terá condições de sustentabilidade porque estará suficientemente profissionalizado e capitalizado. Logicamente uma parcela representativa das pessoas e organizações artísticas não terão condições concorrenciais e continuarão dependentes dos aportes de recursos públicos, comumente conhecidos com financiamentos a fundo perdido ( o Fundo nacional da Cultura é um exemplo).