quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Indicação de Filme...Control



A cinebiografia de Ian Curtis - vocalista da banda pós-punk Joy Division que se matou aos 23 anos - é apontada por alguns como o filme mais cool dos últimos tempos. No último Festival de Cannes, foi premiado com o prestigiado Camera D'Or; no Festival Internacional de Edimburgo, Controlganhou os prêmios de Melhor Performance de Ator Britânico (Sam Riley) e Melhor Filme.

Trata-se do primeiro trabalho do holandês Anton Corbijn na direção de um longa-metragem, após prestigiada carreira como diretor de videoclipes. Baseado no livro escrito por Deborah Curtis, viúva de Curtis, o cineasta traça um belo e triste retrato do cantor nos últimos anos de sua breve vida, os mesmos que o colocou na história dorock-and-roll para sempre.

Enquanto freqüentava a escola numa pequena cidade suburbana da Inglaterra, nos anos 60, Curtis (Sam Riley) gostava de ouvir David Bowie no seu quarto enquanto fumava e pensava em como seria tornar-se um astro do rock. Foi nessa época quando conheceu Deborah (Samantha Morton), que viria a ser sua companheira até o fim de seus dias. Pouco depois, também conheceu Peter Hook (Joe Anderson), Bernard Sumner (James Anthony Pearson) e Martin Hannett (Ben Naylor): o trio tinha uma banda e estava à procura de um vocalista. Logo, a voz grave de Curtis passou a marcar o som do Joy Division, banda originária dessa união. Também fazem parte desse universo que envolve o grupo o empresário da banda e DJ, Rob Gretton (Toby Kebbell), e Tony Wilson (Craig Parkinson), dono da gravadora Factory, que apostou suas fichas na banda (a figura de Wilson tambem esteve presente em outro longa-metragem cultuado, A Festa Nunca Termina, que foca a Factory).
 
Control não é uma cinebiografia "quadrada" e didática da vida de Ian Curtis, muito pelo contrário: por ter sido baseada numa autobiografia, traz um retrato bastante pessoal do vocalista. Inocente e leve no seu começo, o filme fica mais bruto e pesado na medida em que os remédios que o personagem principal passa a tomar por conta da epilepsia tardiamente diagnosticada influenciam e deixam mais obscura ainda sua personalidade. A fama é um tempero a mais nesse coquetel que acaba levando o cantor ao notório suicídio.

A escolha de Sam Riley para incorporar esse personagem tão cheio de sombras foi essencial para o sucesso deste longa-metragem. Ele apresenta uma interpretação impressionante; nos momentos em que o Joy Division se apresenta no filme, encarnados pelos atores, é difícil não se arrepiar ao ver a atuação de Riley como Curtis, especialmente aos fãs da banda. Mais uma vez, Samantha Morton prova ser competente como atriz e dá a base necessária para que Riley possa crescer em seu papel, sem, no entanto, ofuscar o brilho da interprete de Deborah Curtis.
 
A fotografia de Control, assinada por Martin Ruhe, é em preto-e-branco e denota esse mundo sem muitas cores no qual o vocalista vivia. Aliada aos enquadramentos especiais de Corbijn, dá ar único a este retrato belamente trágico desta figura, que, aqui, ganha traços mais humanos e menos lendários. Curtis era um rapaz perturbado e não há problemas nisso; também não é pelo fato dele ter perdido o controle, como ele mesmo disse, que merece ser uma lenda eterna. Humanizando o mito de Curtis, Control constrói um retrato honesto e emocionante de uma das figuras mais lembradas na história do rock moderno.

Em tempo: nas cenas nas quais o Joy Division apresenta-se ao vivo, os próprios atores tocam seus respectivos instrumentos. Inclusive, James Anthony Pearson, que interpreta o guitarrista Bernand Sumner, aprendeu a tocar guitarra poucos meses antes do início das filmagens.


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